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2.9.14

Rayman

Data de Lançamento:10/12/1995
Género: Plataformas
Produtora: Ubisoft
Editora: Ubisoft











A industria dos videojogos passou por vários apogeus ao longo da sua história. Um deles esteve sem dúvida relacionado a adição do conceito de personagem a um videojogo. Começou com o Pac-Man da Namco e foi-se tornando um padrão cada vez mais comum e melhorado ao longo dos anos. Associar-se a uma personagem tornou-se quase obrigatório e essencial para as empresas não só de hardware (Como a Nintendo fez com o Mario e a Sega com o Sonic) mas também para as empresas de software com a cultura das mascotes. E é nesse ponto que queria tocar.


Quando falamos de Rayman sabemos logo que estamos também a falar da Ubisoft. Hoje a Ubisoft dispensa de apresentações com títulos na prateleira como Assassins Creed, Far Cry, uma panóplia de jogos da série Tom Clancy’s e mais recentemente o excelente Watch Dogs, sendo hoje uma das editoras mais conceituadas a nível internacional. Mas esta não era a realidade em 1995.

Com o objectivo de trazer mais notoriedade ao seu nome, a Ubisoft aposta nos seus estúdios de Montplier que trabalhavam num jogo com o nome de Rayman. Rayman era uma personagem carismática com potencial para tornar-se no próximo grande nome no género das plataformas. E tal veio a confirmar-se. Rayman estabeleceu o seu nome no mundo dos videojogos com um excelente título de lançamento: Detentor de um visual brilhante, acompanhado de uma banda sonora muito característica e uma dificuldade surpreendente para o jogo que aparenta ser para crianças.

E foi a dificuldade do jogo que me espantou mais. Lembro-me de em miúdo ter jogado uma versão pirateada de Rayman mas nunca lhe passei muito cartão. Desta vez, a partir da 2ª zona (Band Lands) senti a dificuldade em crescente, e as vidas a esvoaçarem-se que nem notas de 20 numa noite má no casino… Posso dizer que depois de Megaman X3 este é  jogo mais difícil que me passou pelas mãos. Houve momentos em fiz vários continues, desisti, respirei fundo com calma e voltei à carga largando um palavrão de alívio quando finalizava o nível.. O bosses parecem impossíveis (até o Youtube me ter provado do contrário), mas o sapo mais difícil de engolir foi quando descobri que tinha de fazer 100% do jogo para aceder ao último nível. Mas no fim das contas depois de muitas horas e vidas perdidas o sentimento é de satisfação, e de admiração pelo jogo (coisa que não aconteceu bem com Megaman X3).

Além de desafiante, Rayman é também um jogo com um visual bastante artístico com um toque único no cenário dos videojogos. É um dos jogos 2D mais bonitos que já vi até hoje (desculpa Super Mario World), ainda para mais sendo um jogo de 1995. Estamos a jogar literalmente num desenho animado. Extremamente recheado de cores vivas, e bem definido a ponto de nem sequer se distinguirem polígonos. Em consequência disso mesmo a velocidade e fluidez de jogo poderia ser afectada mas ainda assim esse desempenho não é posto em causa estando adequado ao jogo. Não é rápido como um Sonic mas também não seria esse o objectivo. Os cenários mostram uma profundidade e animações que realçam o salto diferencial de uma geração de 16 para 32 bits , tendo feito na altura as maravilhas dos fãs de videojogos.
A banda sonora não lhe fica nada atrás. Neste departamento também tentaram fazer alguma coisa de diferente e inovador, apostando muito em níveis com pouca música e mais som ambiente na base de efeitos sonoros variando com outros níveis acompanhados por faixas de alto calibre com muita influência de Jazz, Funk,  e fusão de ritmos latinos com electrónica (curioso que o último Rayman Legends tem uma componente musical fortissima). Considero Rayman muito experimental entrando por vias muito diferentes do que é habitual ver nos videojogos.

Não tão diferente é a jogabilidade. Simples de saltar e atacar inimigos, ou não fosse Rayman um jogo de plataformas. A novidade aqui passaria (em 1995) pela evolução da personagem ao longo do jogo que iria ganhando novos poderes aprofundando um pouco os movimentos base iniciais. Isto irá permitir aceder a áreas em que inicialmente seria impossível, aumentando a sua longevidade através do backtracking. Contudo não deixa de ser interessante o tipo de abordagem que escolheram na época.
Não são muitos os níveis que temos para concluir mas alguns deles até que são granditos. Aqui o grande problema como já disse anteriormente está relacionado com a dificuldade que o jogador terá de defrontar ao longo dos 18 níveis de Rayman. Portanto não esperem por uma agradável tarde a jogar, e finalizar o jogo a tempo de irem fazer o jantar. Será prudente gravar, ou apontarem as passwords e respirar fundo cada vez que virem o relógio despertador dos “continues”… Eu pessoalmente demorei uma semana a conseguir concluí-lo.

Rayman foi para mim uma excelente surpresa. Não que tivesse à espera de um jogo mau. Apenas nunca achei que fosse tão bom e tão desafiante. Apesar de tudo a personagem nunca conseguiu atingir o estatuto de mascote como um Mario ou um Sonic. Na época até Crash Bandicoot ou Spyro The Dragon conseguiram mais notoriedade, mas Rayman conseguiu manter o seu legado até aos dias de hoje sendo uma personagem ainda bastante popular nos dias de hoje tendo sido lançado mais recentemente dois títulos de grande qualidade. Vamos então às notas:



Gráficos: 9.0 (Dos gráficos 2D mais bonitos que já vi. E são de 1995!)

Jogabilidade: 7.0 (Cativante o suficiente, sem ser inovadora. Mas é das mais desafiantes que já tive de enfrentar. Não, não é para crianças.)

Som: 7.5 (A experiência de fusão de estilo musicais poderá não agradar a todos, mas ajudam bastante a desanuviar principalmente depois de vermos umas dezenas de vidas a irem para o galheiro numa questão de minutos)

Longevidade: 8.5 (Nem muito grande, nem demasiado curto. Acaba por ter o tamanho suficiente para querermos a voltar a jogá-lo no futuro. O desafio certamente que perdurá e os duros vão querer voltar)



Nota Final: 8.0 (Nada mau para um jogo de 1995! Passa com boas impressões no teste do tempo e deixa saudades dos bons velhos tempos em que os jogos eram ossos duros de roer. Existem mais 3 versões (Atari Jaguar, PC, e Sega Saturn) e apesar da versão da Jaguar ser a que tem as cores mais vivas, perde imenso na qualidade de som. Tendo em conta os jogos que sairam nesta fase na Playstation (que os tenha jogado) este é para mim o melhor título dos primeiros meses de vida da consola.


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