Deixa-me lá ver se encontro...

1.6.14

Theme Hospital

Data de Lançamento: 10/02/1998
Género: Estratégia
Produtora: Bullfrog
Editora: Electronic Arts









Certamente alguém que esteja a ler este artigo já foi a um hospital. Também tenho a certeza que grande parte dessas pessoas achou a organização do hospital uma enorme barafunda e confusão, com pessoas mortas espalhadas pelo corredor, indivíduos em estado terminal com uma espera de 6 horas, enfermeiras lésbicas a enrolarem-se no elevador, médicos a fumar brocas no consultório e uma recepcionista na 4ª idade a cobrir um turno num bloco operatório. Não?? Tenho ideia do Amadora-Sintra ser algo do género… AHAHA tava a brincar! Não existem recepcionistas na 4ª idade!!


Bem, seja como for, em Theme Hospital têm a oportunidade de colocar as vossas skills de gestão hospitalar em prática (algo que em Portugal se aprende na 3ª Classe, que as pessoas por norma se esquecem, tal como fazer contas de dividir à mão). Mas antes de seguir para análise queria falar um pouco deste maravilhoso estúdio que foi a Bullfrog. Infelizmente foi mais um estúdio que caiu no esquecimento e fechou portas, apesar de nos ter deixado jogos excelentes como este e o Theme Park, Populous ou Dungeon Keeper, todos eles de estratégia e com um carisma e sentido de humor característicos da Bullfrog. Belos anos ’90!

O objectivo em Theme Hospital é montar e gerir um hospital de forma a que consigamos atingir as metas para passar para o próximo nível. As metas passam por curar um determinado nº de pacientes, conseguir um “x” de reputação, e um montante de dinheiro, tal como valorizar o hospital em questão. Para isso temos de construir consultórios de diagnóstico, tal como as salas de tratamento, e clínicas especiais com maquinaria específica para tratar de algumas doenças ou problemas. Essas doenças em questão são um dos pontos fortes do jogo, desde homens invisíveis, a pessoas de cabeça inchada, passando por crises de identidade (pessoas que acham que são o Elvis Presley) e gente extremamente peluda que fazem lembrar o abominável Homem-Das-Neves! Mas para tratar dessas doenças deve existir um cuidado especial com o staff contratado. Existem médicos/enfermeiras melhores e piores e estes elementos são essenciais para um bom desempenho na taxa de cura dos pacientes, senão vai haver mais gente morta nos corredores (como no Amadora-Sintra?? – Não, como uma boa parte dos Hospitais Públicos). Os médicos também  têm especialidades que são usadas em alguns consultórios, como Psiquiatra, Cirurgião, e Investigador. Apenas os médicos com estas especialidades poderão trabalhar nas respectivas salas de consulta/tratamento. Os auxiliares também ocupam um lugar muito importante numa fase a partir do meio do jogo, pois são estes que fazem as reparações dos equipamentos médicos, caso contrário estes explodem devido a uso excessivo inutilizando a sala e mandando à morte o paciente no seu interior (sem sequer pagar a conta primeiro!!).

O natural portanto, é chegarem a um ponto em que provavelmente vão tem uma espécie de hospital de S.José onde tudo vai estar cagado e a cair de podre. Mas a partir de um momento em que entendam o mecanismo das ferramentas de jogo tudo se torna mais simples. Esse é, em parte, um problema do jogo. A partir da segunda metade o jogo começa a cair na repetição e mantendo a mesma dinâmica de nível para nível vamos conseguir inevitavelmente atingir os objectivos, sendo o único interesse a expectativa de novas doenças e tratamentos que vão aparecendo nos novos níveis. Ainda assim terão de se esforçar para encontrar esse equilíbrio da dinâmica que passa pela organização do espaço, e pela prioridade de investimentos. Existem salas de formação que são muito úteis nesse sentido permitindo contratar médicos de baixos salários, mas baixos índices de profissionalismo e transformá-los em médicos altamente qualificados e até com especialidade em alguma área dependendo da qualificação do formador.


A nota menos positiva vai para os gráficos, que apesar de razoáveis deixam muito a desejar tendo em conta que a versão PC está muito melhor, mas enfim, típico dos anos ’90. Contudo são suficientes para nos alegrar e estão cheios de cor e com muitas animações. Foi o que me impressionou mais graficamente. Decorrem em simultâneo uma enormidade de animações desde pacientes a serem tratados, pessoas a tirarem uma pepsi da maquina das bebidas, auxiliares a regarem plantas, pessoas a vomitarem no chão (not kidding!), médicos a jogar snooker(not joking!) e pessoas a estatelarem-se mortas no chão e o seu espírito elevar-se para o céu (i’m serious!). Outro ponto positivo vai para os efeitos sonoros que estão muito caricatos e a vozinha da recepcionista apesar de irritante dá bastante jeito para sinalizar a falta de médicos em algumas salas. E claro, não podia deixar de ser aqueles avisos úteis como “por favor parem de morrer nos corredores” ou “por favor (sim elas são educadas, dizer sempre por favor primeiro) não vomitem para o chão”. A banda sonora é que pouco acrescenta ao jogo sendo preferível jogar em silêncio apenas com efeitos sonoros.





Penso que apesar da versão muitissimo superior para PC a bullfrog conseguir transportar muito bem este jogo para a playstation. A ausência de compatibilidade com o rato foi muito bem colmatada com os botões do comando, permitindo um rápido acesso aos menús e à mobilidade do indicador. Foi também uma excelente adição à biblioteca de jogos da psx que infelizmente estava carenciada de bons títulos de estragégia. Aliás, Theme Hospital foi para mim um dos melhores títulos de estratégia da consola, juntamente com outras duas pérolas da Bullfrog: Theme Park World e Populous: The Beggining. Se gostam de estratégia, gestão, e sentido de humor este é um jogo a não perder! Fica então o meu veredicto:




Gráficos: 7.0 (Excelentes animações, apesar do grafismo rudimentar, mas também é mais que suficiente num jogos destes)

Jogabilidade: 8.5 (Inteligente, requer paciência e uma boa capacidade de organização. Isto sim, é um jogo de estratégia. Equilibrado acima de tudo)

Som: 8.0 (A fraca banda sonora é completamente digerida pelos excelentes efeitos sonoros do jogo. Em conjunto com as animações fazem um dueto fantástico)

Longevidade: 7.5 (Cai um pouco na repetição na recta final. Precisava de um pouco mais de desafio e de novidades. Mas até lá, o jogo é pura diversão e deixa saudades.)



Nota Final: 8.2 (Como já disse este é um dos melhores jogos de estratégia da Playstation. Não é perfeito mas aposta numa coisa que é essencial num jogo, que é o divertimento. Theme Hospital é um tributo ao princípios do que deve ser um jogo. Foi pena a Bullfrog ter ido à vida e não ter sido feita uma sequela deste jogo. Nos dias de hoje bem que seria uma lufada de ar fresco!)



2 comments:

  1. Lembro-me de adorar a demo disto na playstation e pelos vistos não era à toa. À uns tempos atrás lançaram o corsix-TH que é uma versão open source (e portanto actualizada para os PCs de hoje) do motor do jogo (claro que ainda precisas dos ficheiros originais) por isso já tenho andado a pensar em jogar isso ultimamente, especialmente hoje em dia em que são raros os jogos de estratégia Tycoon, ainda para mais com a mesma piada que Dungeon Keeper ou o Theme Hospital.

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  2. Para o pessoal que quiser matar a saudade do jogo, o Theme Hospital está disponível no site do Origin, pra quem quiser baixar no PC ^-^

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